sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A Origem do Amor

De onde vem esse sentimento tão procurado por todos, mas que quase sempre surge como uma visita inesperada que parece que chegou para ficar? 
Sempre lemos poesias, ouvimos canções, assistimos a filmes que nos contam que o amor vem do coração. Mas há que diga que isto é coisa de pessoas muito românticas - e eu sou um romântico dos mais assumidos. 
Por toda parte, sempre vemos aquele famoso desenho representativo do coração como a origem de todas as formas de amor. Muitos cientistas garantem, porém, que esse sentimento nada tem a ver com o coração, mas sim com certas manifestações que ocorrem no cérebro. Entretanto nós sabemos que, como os mesmos cientistas nos ensinam, tais manifestações ocorrem graças ao sangue que o cérebro recebe constantemente para se manter em pleno funcionamento. E de onde vem esse sangue?
Do coração! Portanto, concluo que, motivado por muitos outros fatores internos e externos, o coração é mesmo a origem do mais nobre dos sentimentos.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A Vitória régia II - O Amor Familiar

Outra lenda indígena amazônica coloca a Vitória régia como um símbolo dos laços de família.

Conta a lenda que um dia um grande grupo de índios armados de arcos, flechas, lanças e zarabatanas invadiu uma aldeia e capturou o chefe, levando-o como prisioneiro. Isto ocorreu enquanto o filho do chefe, o jovem Yauaretê, estava na floresta, caçando com outros índios para garantir alimentos para a aldeia naquele dia. Quando os caçadores voltaram para casa, souberam o do ocorrido.
O filho do chefe, então, decidiu ir em busca dos que capturaram seu pai para tentar salvá-lo. Com receio de perder o marido e o filho ao mesmo tempo, sua mãe tentou fazê-lo desistir dessa ideia, mas não conseguiu. Armado com arco, flechas e lanças, Yauaretê deixou a aldeia e penetrou na floresta levando um barco. Não sabia onde seu pai poderia estar naquele momento, mas como o cacique foi raptado por outros índios, imaginou que estes poderiam ser de uma das aldeias mais próximas. Decidiu então que iria de aldeia em aldeia, até encontra-lo.
Ocorreu que, enquanto Yauaretê remava rio acima, um tracajá (tartaruga de rio, de porte relativamente grande) bateu-se contra o fundo da canoa, fazendo-a virar. Yauaretê caiu na água e, com o susto que levou devido à surpresa, começou a se afogar. Por sorte, sua mãe, preocupada com o que poderia ocorrer com o filho, o havia seguido desde quando ele saiu da aldeia. Enquanto ele remava rio acima, ela o seguia andando pela margem, entre as folhagens, sem que ele a visse. Quando viu que o filho se afogava, ela atirou-se na água para tentar salvá-lo. Porém, o rapaz conseguiu agarrar-se à canoa, que boiava emborcada, mas a mãe estava se afogando.  Ele tentava salva-la, mas com muita dificuldade.
Naquele momento, o pai, que havia conseguido fugir de seus raptores, surgiu à margem do rio e viu o que estava acontecendo com sua esposa e seu filho. Da margem, ele atirou uma corda, à qual ela pôde se agarrar e ser puxada para terra firme. O filho também conseguiu chegar à margem apoiando-se na canoa emborcada. E assim, a família se reencontrou, e todos voltaram para casa felizes.

Mas o que a Vitória régia tem a ver com esta história?
Para os índios, a enorme folha da planta que bóia sobre a água do rio representa a canoa boiando. A flor agarrada a ela representa o jovem Yauaretê agarrado à canoa. O ramo que liga a flor à folha representa a mãe tentando salvar o filho enquanto se afogava (o ramo fica por baixo do nível da água). O caule que prende a planta ao fundo rio é o pai tentando salvar a mãe e o filho. Em resumo, a Vitória régia simboliza o amor entre um pai, uma mãe e seu filho (ou filhos, filhas, etc.). Ou seja, os índios vêm na planta o símbolo de uma família unida. 

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Vitória régia I - Naiá, a Estrela das Águas

Os índios do Brasil
são poetas por natureza.
As lendas indígenas brasileiras 
são sempre belíssimos poemas.
Esta é um exemplo disto.
Ela busca explicar,
- à maneira indígena, evidentemente -
como surgiu a maior flor do mundo:
a Vitória Régia. 





O documentário da British Broadcasting Corpotation (BBC) mostra,
com imagens em alta velocidade, 
as folhas da Vitória régia se abrindo. 

A Vitória régia (seu nome deve ser escrito com "V" maiúsculo porque é o nome da rainha Vitória, da Inglaterra, dado à planta por um naturalista inglês em homenagem a ela) é encontrada nos leitos dos rios da região amazônica, principalmente o do rio Amazonas. A flor é branca e só se abre à noite. Suas folhas, consideradas as maiores do mundo, chegam a ter 2,5 metros de diâmetro e a pesar mais de 40 kg. Esses dados foram suficientes para inspirar os antepassados dos índios da região a criar uma das mais belas histórias de amor, um dos mais lindos poemas, contado ainda hoje entre as tribos. A história segue abaixo.
Nas regiões onde não existe luz elétrica, distantes dos centros urbanos, o céu à noite, se não estiver nublado, atrai as atenções devido ao infindável número de estrelas que podem ser vistas a olho nu. Essa extraordinária beleza das estrelas fazia com que os  índios acreditassem que elas tinham uma origem mágica. Para eles, Jaci (ou "Jacira"), a Lua, escolhia as moças mais bonitas para transformá-las em estrelas para adornar o céu ao seu redor. Segundo a lenda, este era o maior desejo de Naiá, uma belíssima jovem, filha de um cacique. Ela queria muito que Jaci a transformasse numa estrela para adornar o céu e ser admirada por todos. 
Noite após noite, e principalmente nas noites de lua cheia, Naiá implorava a Jaci para que seu desejo fosse realizado. Entretanto, o tempo passava e isto nunca acontecia. Uma noite, a jovem saiu da aldeia e penetrou na floresta. Os índios não se preocuparam com isto, estavam acostumados a vê-la ir para a floresta todas as noites para fazer sua solicitação de sempre e logo voltaria para casa. Mas naquela noite foi diferente: Naiá não voltou. 
Preocupado com o desaparecimento da filha, o cacique mandou um grupo de homens procurá-la. Eles lhe disseram que a escuridão tomou toda a floresta e por isto seria impossível encontrá-la, mas o pai preocupado insistiu. Então eles cumpriram a ordem, mas em vão: retornaram para a aldeia sem tê-la encontrado. 
Os índios a procuraram por toda a floresta durante todo o dia seguinte, mas ainda em vão. À noite, outro grupo de homens, mais descansados, iniciou nova procura. Desta vez eles encontraram um espírito da floresta que lhes informou que Naiá estava sob as águas do rio Amazonas, perto da margem, no mesmo local onde ela costumava fazer suas solicitações à lua. Entretanto, os índios não a encontraram: no local indicado, havia apenas uma linda flor com folhas enormes. Foi então que o espírito lhes explicou que Naiá, desesperada, tentou suicidar-se, afogando-se nas águas do rio, mas a lua, reconhecendo seu sacrifício, decidiu transformá-la, não numa estrela para brilhar no céu, mas na "estrela das águas" (assim os índios a chamam até hoje), a flor que tanto atrai as atenções das pessoas por sua beleza e seu esplendor. É esta a flor que nós conhecemos como "Vitória régia". 

Na próxima postagem, contarei uma lenda que revela por que algumas tribos indígenas interpretam a Vitória régia como o símbolo da família.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Melhor Coisa que se Pode Obter do Amor

O amor é um sentimento que, como todos sabemos, se manifesta de várias formas. Há o amor fraternal ou fraterno, o filial, o maternal ou materno, o paternal ou paterno, o familiar, etc. Dizem por aí que somente o ser humano é capaz de sentir e de demonstrar o amor. Evidentemente isto não é verdade: quem tem cães de estimação sabe muito bem como esses animais sentem e demonstram amor pelos seus donos principalmente quando são bem tratados. 
Dizem também que o amor platônico - aquele entre um homem e uma mulher que veem , um no outro, sua "cara-metade" - só é bom quando é correspondido. Para estes, o amor não correspondido é sinônimo de sofrimento. Sinceramente, eu não penso assim. Quem ama vive. O amor, sendo correspondido ou não, é uma comprovação de que quem o sente está vivendo. Além disso, quem nunca sofreu na vida, seja por amor ou por qualquer outro motivo? Eu sei que esta frase - "Amar é viver!" - é super conhecida, já foi suada muitos milhões de vezes, mas o fato é que ela realmente diz uma realidade. Amar, seja de forma correspondida ou não, é viver. E esta é a melhor coisa que se pode obter do amor. 

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Um Amor "Post Morten"?


Sinceramente, não sei como explicar o que de fato aconteceu. Mas vou contar do jeito que sei contar. 
Ocorreu há poucos meses. Era a noite de uma quinta-feira, por volta das 22 horas. Eu estava sentado diante do computador, redigindo um texto cujo tema nada tinha a ver com qualquer coisa que pudesse sugerir uma relação com o que ocorreu. O fato é que, sem que eu esperasse - mesmo porque nunca me passou pela mente algo semelhante, ou pelo menos acho que não - senti o que me parecia ser alguém se aproximando por trás de mim, em seguida abraçando carinhosamente o meu pescoço, depois acariciando minha cabeça e, depois, dando-me um carinhoso beijo no rosto, no lado direito. Finalmente, uma voz feminina cochichando bem perto do meu ouvido direito: "Eu te amoooo...".
Medo? Susto? Não tive sensações como estas. O que senti foi uma deliciosa sensação de tranquilidade e bem estar. Também uma certa sensação de surpresa, é claro, mas de forma confortável, tranquila, agradável. 
Vocês tem todo o direito de acreditar ou duvidar disto. Eu mesmo confesso que jamais passei por qualquer situação semelhante antes. Tenho ouvido e lido histórias vividas por outras pessoas. Não concordo com o ditado que diz que "o impossível acontece" - porque, se acontece, não é impossível. Nunca visualizei qualquer motivo que me levasse a concluir que coisas assim sejam impossíveis. Mas se de fato ocorreu, me pergunto: por que comigo? E quem poderia ser aquela pessoa? Se tudo não passou de imaginação, por que eu imaginaria tal coisa?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Pertinho do Coração


Malcolm Roberts canta "Love is a Many Splendored Thing"


Percebam como Roger Burmester posiciona seu alaúde.


Veja como Zé Henrique e Danial Viola posicionam suas violas.


O violão de Nonato Luis, sempre perto do peito. Observe também as expressões no rosto do músico enquanto executa "And I Love Her" ("E Eu a Amo"), comprovando que a música não precisa ter nacionalidade para que sua beleza seja percebida.

A canção interpretada no vídeo pelo cantor inglês Malcoln Roberts - "Love is a many splendored thing" ("O amor é uma coisa muito esplendorosa") - é uma das mais conhecidas da música romântica em todo o mundo, e é lindíssima. Mas tem o acompanhamento de uma orquestra - o que não invalida, de forma alguma, sua beleza. 
Entretanto, quando se fala em música romântica, logo nos vem à mente instrumentos como o violão, a viola sertaneja, o alaúde (este, muito antigo, mas sempre lembrado em poesias, poemas, filmes românticos, etc.). Digo "viola sertaneja" porque existe um outro tipo de instrumento também chamado "viola", que é uma variante do violino e está sempre presente em orquestras sinfônicas e filarmônicas. 
Mas por que o violão, a viola sertaneja e o alaúde estão sempre associados ao romantismo e a tudo que se refira ao amor. Creio que a resposta está evidente na forma como eles são posicionados pela pessoa que os toca: sempre perto do peito. Ou seja, perto do coração. Creio que, assim como os instrumentos de uma orquestra são orientados por um regente (ou "maestro"), os acordes de um violão, de uma viola sertaneja ou de um alaúde seguem a orientação de um outro "maestro": o coração. Vejam nos vídeos como eles são executados.