quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Vitória régia I - Naiá, a Estrela das Águas

Os índios do Brasil
são poetas por natureza.
As lendas indígenas brasileiras 
são sempre belíssimos poemas.
Esta é um exemplo disto.
Ela busca explicar,
- à maneira indígena, evidentemente -
como surgiu a maior flor do mundo:
a Vitória Régia. 





O documentário da British Broadcasting Corpotation (BBC) mostra,
com imagens em alta velocidade, 
as folhas da Vitória régia se abrindo. 

A Vitória régia (seu nome deve ser escrito com "V" maiúsculo porque é o nome da rainha Vitória, da Inglaterra, dado à planta por um naturalista inglês em homenagem a ela) é encontrada nos leitos dos rios da região amazônica, principalmente o do rio Amazonas. A flor é branca e só se abre à noite. Suas folhas, consideradas as maiores do mundo, chegam a ter 2,5 metros de diâmetro e a pesar mais de 40 kg. Esses dados foram suficientes para inspirar os antepassados dos índios da região a criar uma das mais belas histórias de amor, um dos mais lindos poemas, contado ainda hoje entre as tribos. A história segue abaixo.
Nas regiões onde não existe luz elétrica, distantes dos centros urbanos, o céu à noite, se não estiver nublado, atrai as atenções devido ao infindável número de estrelas que podem ser vistas a olho nu. Essa extraordinária beleza das estrelas fazia com que os  índios acreditassem que elas tinham uma origem mágica. Para eles, Jaci (ou "Jacira"), a Lua, escolhia as moças mais bonitas para transformá-las em estrelas para adornar o céu ao seu redor. Segundo a lenda, este era o maior desejo de Naiá, uma belíssima jovem, filha de um cacique. Ela queria muito que Jaci a transformasse numa estrela para adornar o céu e ser admirada por todos. 
Noite após noite, e principalmente nas noites de lua cheia, Naiá implorava a Jaci para que seu desejo fosse realizado. Entretanto, o tempo passava e isto nunca acontecia. Uma noite, a jovem saiu da aldeia e penetrou na floresta. Os índios não se preocuparam com isto, estavam acostumados a vê-la ir para a floresta todas as noites para fazer sua solicitação de sempre e logo voltaria para casa. Mas naquela noite foi diferente: Naiá não voltou. 
Preocupado com o desaparecimento da filha, o cacique mandou um grupo de homens procurá-la. Eles lhe disseram que a escuridão tomou toda a floresta e por isto seria impossível encontrá-la, mas o pai preocupado insistiu. Então eles cumpriram a ordem, mas em vão: retornaram para a aldeia sem tê-la encontrado. 
Os índios a procuraram por toda a floresta durante todo o dia seguinte, mas ainda em vão. À noite, outro grupo de homens, mais descansados, iniciou nova procura. Desta vez eles encontraram um espírito da floresta que lhes informou que Naiá estava sob as águas do rio Amazonas, perto da margem, no mesmo local onde ela costumava fazer suas solicitações à lua. Entretanto, os índios não a encontraram: no local indicado, havia apenas uma linda flor com folhas enormes. Foi então que o espírito lhes explicou que Naiá, desesperada, tentou suicidar-se, afogando-se nas águas do rio, mas a lua, reconhecendo seu sacrifício, decidiu transformá-la, não numa estrela para brilhar no céu, mas na "estrela das águas" (assim os índios a chamam até hoje), a flor que tanto atrai as atenções das pessoas por sua beleza e seu esplendor. É esta a flor que nós conhecemos como "Vitória régia". 

Na próxima postagem, contarei uma lenda que revela por que algumas tribos indígenas interpretam a Vitória régia como o símbolo da família.

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